Duas
cidades de Extremadura, nossa região espanhola, escondem tesouros preciosos do
antigo Império Romano. Tanto em Medellín como em Mérida, se pode encontrar
teatros e anfiteatros romanos datados do primeiro século antes de Cristo,
construídos pelo exército romano em seu avanço conquistador, como um símbolo da
expansão cultural romana.
Ali se
apresentavam os musicais, as peças teatrais e, principalmente, lutavam os
gladiadores. Era a política chamada por muitos historiadores do “pão e circo”,
que acalmava as multidões e facilitava o governo absurdo e ditatorial dos
césares.
A Espanha
fez parte direta do Império Romano, não apenas territorialmente, mas também em
seu governo, contribuindo com alguns césares e conselheiros. Extremadura
forneceu muitos soldados, pois seu povo era conhecido pela bravura e dedicação,
algo que vemos até os dias atuais. Naturalmente, não somente as construções
antigas, tombadas como relíquias arqueológicas, mas muitos outros fatores da
cultura romana antiga forjaram as bases da sociedade atual.
Ainda que
se diga que é uma tendência mundial, pelas semelhanças com o “pão e circo”
romano, muitos tem identificado o investimento nacional espanhol no futebol
como um “renascimento romano” estratégico de acalmar o povo e levar a “marca
nacional” a outros territórios.
A Espanha
sofreu uma das maiores quedas econômicas de sua história, com a falência
mundial do setor da construção civil, e o empobrecimento do povo nos últimos
quatro anos é visível, chegando aos portais da fome. O país está quebrado, no
entanto, o futebol não.
A seleção
espanhola de futebol está ganhando quase tudo: Eurocopa, Mundial, campeonatos
europeus sub-20, sub-21, enquanto que seus clubes conquistam campeonatos
europeus, mundiais, entre outros.
Esse poder
do futebol tem algumas explicações. Muitos clubes medianos se enriqueceram
repentinamente com a especulação da venda de terrenos privilegiados nos centros
das grandes cidades, possibilitando contratar grandes jogadores. A falência da
sociedade por causa da crise da construção civil não alcançou a maioria desses
clubes.
Poucos
sabem, mas também existiu por vários anos algumas doces vantagens no pagamento
de impostos, a popularmente chamada de “Lei Beckham”, em referencia ao famoso
jogador inglês, originalmente pensada para investidores estrangeiros, onde o
imposto de renda era mais baixo a partir de uma determinada quantidade
salarial. Isso provocou uma peregrinação de craques do futebol mundial para
este país e naturalmente a transformação deste futebol na maior potencia mundial
da atualidade. O campeonato nacional subiu de qualidade e seus jovens jogadores
começaram a dividir o terreno de jogo com celebridades mundiais.
Voltando os
olhos a décadas passadas, ainda sob o domínio da ditadura franquista, muitos
acusaram àquele governo de ter utilizado o Real Madrid como propaganda política
em um período onde seu esquadrão ganhou muitos títulos internacionais, segundo
alguns sob a batuta da proteção e investimento da ditadura.
Atualmente
existe um forte conflito entre os independentistas da Catalunha, região situada
no nordeste espanhol, e o resto da Espanha. Tem sua língua própria, sua
bandeira e, para não fugir à regra, seu time de futebol, o Barcelona, usado nos
últimos anos, seja por políticos ou jogadores, como propaganda dos triunfos
regionalistas. O futebol praticado pela atual e vitoriosa seleção espanhola tem
sua base nessa equipe. Nove de seus jogadores foram convocados pela Espanha
para a Copa das Confederações de 2013. As seleções de base também estão
fundamentadas na preparação desse clube, que gasta milhões de euros formando
pequenos craques, vários deles trazidos de outros clubes e alguns sendo até
nacionalizados, inclusive brasileiros.
“Estádios
suntuosos, esporte vistoso e vitorioso, povo sofredor, mas orgulhoso e feliz”.
Essa frase bem poderia ser aplicada a muitos
países, como o Brasil e Argentina, que ganharam um mundial de futebol cada um aplaudidos
por seus ditadores. No caso da Argentina, ainda foi a organizadora de seu
mundial. Igualmente os países da antiga cortina de ferro, que sacrificavam seus
atletas para propagar o poder ditatorial e calar o povo oprimido.
Como viver
como cristãos em uma sociedade acostumada a sentir-se grande através da falsa
propaganda de seu “pão e circo”?
Simplesmente
seguindo verdadeiramente Àquele que se mostrou ao mundo em uma cruz.
No circo
romano, os gladiadores poderosos sempre venciam. Nessa mesma Roma, um “humilde
gladiador” espiritual perdeu sua luta contra os poderosos, mas salvou aos que
nEle crêem através de Sua morte, e morte de cruz. Esse foi o pão distribuído
por Cristo: Sua própria vida.
Nossa
função não é combater o futebol ou qualquer outro “circo” social. Somente
deveríamos equilibrar nossas vidas olhando firmemente para Cristo, para mostrar
a essa sociedade que pode desfrutar do entretenimento, mas sem se deixar
enganar e nem que isso desvie seu foco na busca por solucionar os problemas
cotidianos.
“Portanto, nós também, pois estamos
rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado
que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos
está proposta, fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé, o
qual, pelo gozo que lhe está proposto, suportou a cruz, desprezando a
ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus. Considerai, pois aquele
que suportou tal contradição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos
canseis, desfalecendo em vossas almas.” Hebreus 12:1-3
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